Sindicato dos Trabalhadores de Processamento de Dados,
Serviços de Informática e Similares do Estado do Rio Grande do Norte

Mobilidade democratiza banda larga, apesar dos gargalos
Publicado em 19/12/2012 às 21h12

Em 18 meses, os acessos móveis à banda larga aumentaram 116% e chegaram a 82 milhões em agosto de 2012. Na área educacional, praticamente metade das escolas conta com acesso em banda larga, mas os computadores ainda estão segregados das atividades curriculares. Nos municípios médios e pequenos, a expansão da banda larga esbarra em dificuldades na instalação da infraestrutura. Estes são alguns dados apurados na composição do Índice Brasscom de Convergência Digital (IBCD), publicado em novembro pela Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom).

Segundo Nelson Wortsman, diretor de Convergência Tecnológica da associação e coordenador do estudo, a inclusão de 40 milhões de pessoas na classe C entre 2003 e 2011 mudou o perfil do acesso aos recursos de TIC no Brasil. Outro destaque é a rápida expansão do acesso móvel a banda larga. Entre 2008, quando o índice começou a ser apurado, e 2011, a densidade da banda larga móvel apresentou um crescimento de 1.615%. Wortsman reconhece que a Internet móvel demonstra ser o caminho mais rápido à inclusão digital, assim como a telefonia celular levou o serviço de voz às parcelas emergentes da população.

Mesmo com uma cobertura de 49% das escolas, que atendem a cerca de 80% dos alunos, ainda é limitado o acesso aos computadores na escola, já que apenas 8% delas disponibilizam computadores na sala de aula e a média é de 28 alunos por computador. Em contrapartida, 63% dos estudantes estão conectados a partir de seus domicílios. O estudo mostrou, ainda, que 94% dos professores possuem computador em casa e mais de 80% acessam a internet diariamente. “A parte mais difícil da inclusão digital, de ter o computador, avança rápido. Agora falta conteúdo pedagógico, para inserir de fato a tecnologia no processo educacional”, diz Wortsman.

Segundo o estudo da Brasscom, aproximadamente 52% dos municípios e 85% da população brasileira já tem acesso 3G. Os municípios com a presença de cobertura das quatro maiores operadoras correspondem a aproximadamente 38%. 

Apesar da relativa facilidade de entrega da banda larga pelas conexões móveis, a disponibilidade e a qualidade dos serviços esbarram na saturação da estrutura local de distribuição quanto da infraestrutura fixa para backbone e backhaul. “Já ocorre o esgotamento das ERBs. O problema é que há centenas de legislações municipais que cerceiam a instalação de antenas, o que começou a ser endereçado pelo legislativo e pelo governo federal. As operadoras são cobradas e têm dificuldade de instalar as antenas”, constata Wortsman.

No Brasil há 4,6 mil linhas móveis para cada antena de telefonia instalada. Há dez anos, a média era de 2,4 mil linhas por antena. Nos Estados Unidos há mil linhas por antena. No Japão e na Espanha a média é de 430 linhas por antena. O número recomendado pela OIT (Organização Internacional das Telecomunicações) é de até mil linhas por antena. Para atender toda a demanda da rede 4G estima-se um número de novas antenas que pode variar de 50 a 250 mil. O preço médio por antena está estimado entre R$ 300 mil e R$ 500 mil, e a despesa total na faixa de R$ 7,5 bilhões a R$ 12,5 bilhões.

Em relação a serviços de governo eletrônico, Wortsman observa que a Lei de Acesso à Informação aprofundou a preocupação com transparência, que envolve questões tanto políticas quando técnicas. “A partir da definição das informações expostas aos cidadãos, é preciso avançar muito para viabilizar técnica e economicamente esse acesso”, menciona. Outra frente que continua limitada em eGov, do ponto de vista do contribuinte, é a racionalização dos serviços prestados aos cidadãos. “O Brasil tem ícones mundiais em eGov, como as eleições e a declaração de Imposto de Renda. Mas não se consegue marcar uma consulta no SUS e o profissional de saúde não conta com um prontuário único”, contrapõe.

Para ler o estudo completo, clique aqui.